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  • Foto do escritorFranciele Maftum

Por que temos que regular e não controlar as emoções

Você sabe o que é regulação emocional e o motivo para que nós precisemos aprender a regular as nossas emoções?

Para isso é importante começar explicando o que é a emoção.

A emoção é uma alteração psiconeurológica do nosso organismo e da nossa mente. Uma emoção acontece devido a fatores externos (por exemplo: ameaça ou perigo) e que captamos aquilo como um estímulo positivo ou negativo. Esse estímulo manda um sinal para o nosso cérebro, primeiro para a nossa parte racional, de que está acontecendo alguma coisa (boa ou não), e depois para a nossa amigdala cerebral, ativando-a e, assim, impulsionando as nossas reações emocionais e corporais. Uma emoção, por muitas vezes, é muito mais física do que mental, pois – ao passo que – estamos sentindo essa emoção, temos sudorese, temos taquicardia, dormência nas pernas e etc.

Uma emoção é um conjunto para todo esse processo mental e processo físico que acontece com nosso corpo. Só que esse processo físico é muito mais rápido do que nós conseguimos racionalizar em um processo emocional.

A emoção, portanto, é o processo do nosso corpo de desencadear coisas e o sentimento é o significado que nós damos para essas emoções. Quando falamos que sentimos saudades, por exemplo, nós sentimos uma emoção de amor e de falta e damos significado e uma intensidade de saudade para isso (sentir saudades é bom ou ruim, é muito ou é pouco). É por isso que cada um de nós sente as emoções de maneira diferente, alguns com muita intensidade e alguns com pouca intensidade, por causa do significado que damos para cada emoção e, esse significado, fica guardado em nossa memória afetiva (memória emocional).

Porque é importante eu entender e regular essa emoção?

A emoção ela é adaptativa, nos ajuda a sobreviver, nos ajuda a amar, nos ajuda a sentir empatia, nos ajuda a gostar das coisas e nos ajuda a entender que existe perigo. Então, a emoção trabalha como um termômetro interno, tanto do corpo quanto da mente, para nos avisar de que algo está acontecendo e que não é algo corriqueiro. Por esse motivo precisamos ter essa emoção muito bem ativada para que nós consigamos sobreviver.

Entretanto, ao longo dos anos, socialmente, as ameaças e as coisas que são boas foram sendo distorcidas em relação ao que era há anos atrás, o significado do que é bom e ruim foi mudando. Hoje, uma ameaça não é só eu estar em perigo, uma ameaça, por exemplo, é discordarem de você, te avaliar como incompetente ou alguém te dar um fora, ou seja, as ameaças são muitas. E o mesmo acontece para as coisas boas, por exemplo, não basta apenas nós termos saúde, uma casa e uma família, nós precisamos de dinheiro, fama, sucesso, etc. O que quero dizer é que: as emoções não são mais tão puras como são quando nós nascemos.

Quando não aprendemos – durante a infância e adolescência – a ver e a entender as emoções que possuímos, o que nós fazemos?

Quando sentimos uma emoção e conseguimos transforma-la em uma aprendizagem (algo não aconteceu da forma como esperávamos e, provavelmente, isso acontecerá em outros momentos da minha vida) ou quando conseguimos perceber os motivos de estar sentindo o que sentimos e que decidimos que podemos lidar com essa situação, nesse momento, estamos conseguindo regular as nossas emoções. Por exemplo: eu preciso me acalmar, preciso pedir um abraço de alguém próximo; preciso tomar um copo de água; preciso mudar o foco do meu pensamento, pois sei que tal situação não é tão importante assim para mim.

Eu penso na emoção, eu valido essa emoção e eu faço alguma coisa de bom pra mim (ou para os outros) com essa emoção.

O problema é que não aprendemos a fazer isso em nossas vidas. Nós aprendemos a ter que lidar sozinhos com a emoção e reprimir o que estamos sentindo ou, também, aprendemos a lidar com as emoções de forma muito livre, sem cuidado. No primeiro caso, quando aprendemos a lidar sozinhos com as emoções, geralmente, convivemos com alguém que não gosta de nos ver sentindo tal emoção (por exemplo, não gosta de nos ver triste ou não gosta de nos ver feliz demais) – SIM, você leu certo, muitas pessoas também aprendem a não sentir felicidade – e, por isso, criamos a memória de que as nossas emoções não são bem quistas e, consequentemente, reprimimo-las.

Temos o hábito de falar erroneamente que estamos controlando a nossa emoção, mas controlar não pode ser sinônimo de reprimir.

Quando reprimimos a nossa emoção, nós enrijecemos os músculos, começamos a sentir dores no corpo e a emoção vai sendo comprimida dentro de nós, tornando-se uma raiva interna, uma ansiedade descontrolada, uma vontade de fazer sempre o certo, dentre outros.

Essas pessoas tendem a serem perfeccionistas, rígidas, criteriosas, pessoas que precisam de muita segurança para tomar qualquer decisão.

Já no segundo caso, quem aprendeu que deveria ser livre para sentir, mas, também, não aprendeu identificar quais eram essas emoções, de onde elas vêm ou o que fazer com elas, coloca outras intensidades nessas emoções. Por exemplo, se está triste, se torna uma pessoa triste ou se acontece alguma coisa que a frustre, essa pessoa passa uma semana frustrada em razão de eventos que não precisavam acumular tanta emoção. E, obviamente, isso também não é saudável, porque uma emoção saudável, ela vem e passa, não fica latente o tempo todo.


Atenção: não estamos falando do luto, pois o luto não é uma emoção, é um processo de reaprendizagem.


Quando aprendemos a regular as nossas emoções, começamos a categorizá-las dentro de nós e aprender com elas, ou seja, nós sentimos essa emoção (ela está aqui), nomeamos essa emoção (tristeza, por exemplo), percebemos o que o nosso corpo está trazendo com ela (apatia, por exemplo) e decidimos o que fazer com isso, buscando o que é benéfico para nós – lembre-se: reprimir e calar não são benéficos.

Por que é tão importante a gente aprender a regular as nossas emoções como adultos?

Porque nós vivemos de uma melhor maneira, nós tomamos decisões melhores, baseadas em um processo calmo e não em um processo emocional.

A regulação de emoção está totalmente ligada aos índices de felicidade. Se tivermos uma sensação de menos preocupações durante o dia, nós nos tornamos uma pessoa menos ansiosa, menos agitada, mais calma, que se conhece e que consegue tomar as próprias decisões da vida com coerência e com competência interna (liberdade de tomar decisões pelas nossas vontades e não com medo do que os outros vão falar ou pensar).

Portanto, é para isso que serve regular a emoção. Quanto mais você souber sobre as suas emoções, menos doente emocionalmente e menos estressado você irá ficar.

Inclusive, a síndrome de Burnout, o estresse agudo e a ansiedade são processos também de intoxicação por conta de ameaças emocionais que vivemos.

Regular a sua emoção vai sempre fazer com que você tenha não só uma qualidade de vida melhor, mas, também, irá diminuir a sua ansiedade, sua procrastinação, te dará mais liberdade e, por consequência, você terá mais decisões saudáveis e mais felicidade em sua vida.

Franciele Maftum


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