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  • Foto do escritorFranciele Maftum

COMO LIDAR COM O ESTRESSE E O CANSAÇO MESMO EM SITUAÇÕES DE ALTA PRESSÃO

Da onde vem o estresse?


Explicando o estresse, biologicamente, através dos estudos neurocientíficos, existe uma vasta teoria de que tem origem na nossa incapacidade de lidar com a incerteza, ou seja, o estímulo de estresse, que é acionado em nosso sistema nervoso, está diretamente ligado a nossa incapacidade de lidar com as situações de incertezas.


Conforme já falamos anteriormente, o nosso cérebro necessita, para um bom funcionamento, de encontrar começo, meio e fim em suas histórias para ter tranquilidade. O que acontece, quando estamos em situações de pressão, como essa que estamos vivenciando agora, é que não conseguimos apresentar um fim para as situações que acontecem em nosso dia a dia, pois as coisas vão acontecendo e não conseguimos ter controle sobre elas. Quando isso acontece, o nosso cérebro interpreta que se trata de uma situação de incerteza e o que irá definir o nosso nível de estresse é justamente a nossa capacidade de lidar com essas situações. Capacidade que foi definida através do nosso histórico de vida, nas nossas experiências desde a infância ou no que aprendemos durante a vida. Quanto mais nós aprendemos a viver na instabilidade e na falta de controle, menos sofreremos com as pressões e estresses – o nosso organismo será menos acionado nessas situações, menos iremos produzir cortisol, menos iremos acionar nossa amigdala cerebral (responsável pelo medo), o nosso hipotálamo, as glândulas adrenais e a produção de glicose.


O que é preciso entender é que o nosso estresse está totalmente condicionado à interpretação que damos aos ambientes incertos. Nós, seres humanos, por natureza, não sabemos lidar com esse cenário, pois nascemos programados para reagir a cada incerteza. Toda vez que o nosso cérebro for acionado em uma situação como essa, nosso organismo fará com que a nossa pupila dilate, que o sangue corra mais rápido e que o nosso coração bata mais rápido ou mais devagar, pois ele entendera que está diante de uma situação estressora e que precisa reagir.


Algumas pessoas, ao longo da vida, foram aprendendo e desenvolvendo uma habilidade de aceitar as emoções do estresse e de aceitar que não é possível controlar o futuro, pois, bem na verdade, o futuro é sempre uma ilusão, não podemos garanti-lo. Entretanto, a maioria das pessoas não consegue lidar com essa situação de forma saudável, pois não aprendemos isso durante a nossa vida. Geralmente, nós aprender a engolir os nossos sentimentos e agir, mesmo com o estresse. Existe uma tendência global de estresse diante de um cenário de incertezas e as pessoas que mais buscam pela segurança são aquelas que vão vivenciar mais episódios de estresses e que terão alta probabilidade de desenvolver o estresse crônico e a alta ansiedade.


Portanto, quanto mais conseguimos aprender a lidar com a incerteza e que não podemos controlar nossa vida e nosso futuro, menos iremos acionar o nosso sistema nervoso e menos estresse teremos.


Sabendo disso, podemos entender o motivo de tantas pessoas estarem tão estressadas durante a quarentena. Estamos vivendo um momento em que não temos certeza de nada e não conseguimos encontrar um fim para essa situação. Unindo essa incerteza, com as incertezas de trabalho, de família e de relacionamentos, nós temos como resultado um aumento considerável da carga de estresse.


Essa carga de estresse pode seguir por dois caminhos, dentro do nosso sistema nervoso:

Via Adrenal: produzindo cortisol, nos deixando alerta e com a sensação de que estamos prontos para a guerra, nos deixando irritadiços e nervosos.


Via Amigdala Cerebral/Hipotalamo: reforçando as memórias de que não gostamos de estresses e que não queremos lidar com isso. Com isso, passaremos a ter picos de glicose no sangue e nos sentiremos muito cansados.


Infelizmente, a neurociência não conseguiu concluir ainda como o nosso cérebro faz essa escolha, apenas sabemos que esses dois caminhos existem e ambos podem ser acionados.


Cansaço x estresse


O nosso organismo, sob estresse, precisa de balanceamento, portanto, o nosso cérebro, como primeira tentativa, irá tentar sobreviver e guardar energia. Quando ele sentir que está em ameaça, ele irá colocar algumas partes do seu funcionamento em escanteio, como a memória em curto prazo, o sono, a atenção concentrada. Por outro lado, deixará em alerta os músculos e aumentará a produção de glicose para ter energia. Com esse movimento que o cérebro precisa fazer diante dessas situações, é possível compreender que o gasto energético é intenso e, por isso, a sensação de exaustão e esgotamento se tornam tão presentes em nossas vidas – pois, passamos o dia com os músculos tensionados preparados para a fuga ou luta. E qual é o problema disso?


É que o cansaço poderá, também, virar crônico e para conseguir a o que o nosso corpo necessita, buscamos na alimentação (em carboidratos) a energia imediata, causando outro pico de glicose e o cansaço novamente. Perceba, que entramos em um circulo vicioso entre estresse, cansaço e os comportamentos do cansaço.


Portanto é preciso fazer uma autoavaliação sobre o seu cansaço para poder entender o que você está sentindo. Pergunte-se:


1. Eu estou cansado por muitas atividades físicas ou por que eu estou estressado durante muito tempo?

2. Quais incertezas que não estou conseguindo lidar que está me fazendo acionar esse botão do estresse em mim com tanta facilidade? É incerteza do que? O que eu estou tentando controlar e não estou conseguindo?


Lembre-se que não adianta tentar evitar os problemas para não ficar estressado, isso não é efetivo. É preciso aprender a lidar com a maneira com a qual você lida com o estresse, pois existem diversas coisas que podem te gatilhar. Esse movimento de evitação é o caminho para o transtorno de ansiedade generalizada e TOC.


Nós chamamos esse processo de reta descendente, ou seja, pegamos o processo do fim para o começo tentando desencadear do estresse e, somente depois disso, aplicamos as técnicas que podem ser imediatas ou em médio prazo, quando ensinamos a nossa mente a ter flexibilidade, aprendendo a lidar com as incertezas.


Já entendemos que os cérebros precisam lidar com as incertezas para ser saudável, mas atenção: lidar com as incertezas não significa ser frio; não significa passar por cima dos seus sentimentos ou ser completamente racional. Lidar com as incertezas que dizer: aprender quais são os medos que temos dificuldade de lidar e quais emoções elas vão nos engatilhar.


A partir disso, começar a trabalhar a mente para que esse estresse não tome grandes proporções em nossas vidas.


Técnicas de comportamento imediato e em médio prazo para lidar com estresse:


As técnicas de comportamento são aquelas que aplicamos na hora em que estamos estressados, ou seja, já sentimos o estresse e precisamos agir para não prolongar e intoxicar o nosso organismo, fugindo da carga de cansaço. E as técnicas de médio prazo são aquelas que diminuem a angustia do estresse e que nos ajudam a não os engatilharmos tantas vezes.


Os atributos básicos de uma boa regulação de manejo de estresse necessitam de corpo, de mente e de comportamento.


O corpo nós lidamos com ele através da respiração, só conseguimos mudar um estado de estresse de estado emocional, se mudar a frequência da nossa respiração.


1. RESPIRAR PROFUNDAMENTE


Na hora do estresse a sua musculatura estará travada, porque o cérebro a preparou para o ataque. Portanto, inspire contando até 6 e expire contando até 6 – pelo nariz- e mexa a sua musculatura (ombros, pernas, agachamento, etc).

Não faça essa técnica parado, pois o nosso corpo está pedindo pelo movimento e querer parar é ir contra a nossa biologia e isso irá te causar mais angústia e mais estresse.

Você pode aplicar essa técnica enquanto você cozinha, trabalha, em eventos familiares, etc.

Essa é uma técnica imediata e o que define o tempo para você melhorar é o tempo em que você irá aplicar a técnica, faça até melhorar (1 a 5 minutos).


2. TÉCNICA DO BANHO QUENTE


Essa técnica é muito efetiva para quem tem um trabalho ou uma função muito estressante. Faça a técnica da respiração acima embaixo d’agua, pois a água quente nos ajuda relaxar e, enquanto respiramos conscientemente, é um alívio imediato para o nosso corpo. Você pode emergir na banheira ou deixar a água do chuveiro cair nos ombros enquanto você faz esse processo.


3. O QUE EU TENHO AGORA?


Essa técnica de comportamento, nos ajuda a mudar a nossa mente e é bastante simples de aplicar. Quando o nosso estresse é acionado ou quando o cansaço está muito grande pelo estresse, você deverá se questionar: o que eu tenho agora?

No momento de estresse, nossos pensamentos nunca estão no agora, eles estão no passado ou no futuro. Podemos, inclusive, confundir esse sintoma com a ansiedade, mas o estresse tem a incerteza envolvida.


Quando fazemos essa pergunta para a nossa mente, nós paramos a frequência de futuro e passado, pois precisamos prestar atenção no momento presente e não adianta tentarmos colocar nada na cabeça, pois não conseguimos mudar nem o futuro e nem o passado nesse momento.


Essa é uma maneira de ensinar o nosso cérebro a lidar com o agora e lidar com a incerteza no momento presente. Porque se a gente pensar, o nosso medo da incerteza é um medo de fantasia, pois nunca vamos ter certeza do que vai acontecer no futuro. Ter medos e receios é normal, entretanto não podemos ativar todo um sistema do organismo, baseado na certeza de que não estamos conseguindo lidar com a incerteza.


A quantidade de vezes que você irá precisar fazer essa pergunta no seu dia, irá depender da quantidade de vezes que você necessitar voltar ao presente.


4. EXPERIMENTE NOVAS ATIVIDADES


Essa outra pratica é comportamental é utilizada para em médio prazo conseguir mudar a nossa relação com a incerteza. O único jeito para isso é fazendo o nosso cérebro ter mais experiências de incertezas, mas essa pratica é realizada controladamente para que nós tenhamos a consciência de que vamos ativar todo o circuito do estresse e que é uma situação que estamos aprendendo a controlar.


Basicamente, essa prática é tentar realizar coisas novas como, por exemplo, falar coisas que temos medos de falar ou fazer um curso que nunca pensamos em fazer. O importante é que essa tentativa seja de algo novo, pois tudo que é novo é inesperado e para o nosso cérebro é o mesmo processo.


Ao realizar esse processo diversas vezes, criamos uma memória de que o inesperado não é tão ruim e vamos recriando a maneira de gatilhar ou não o estresse. Assim, quando a situação de estresse vir, já teremos o pensamento de que temos que lidar com o agora.


Franciele Maftum

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